Ele acordou tarde, deu uma ultima arrumada nos sonhos e despertou, nos sons já conhecidos das quase tardes de domingo. Era habitual o mal estar, a falta de jeito de em existir já era uma velha companheira. 

Fitou os próprios olhos, cansados de ressaca e poesia, distantes, com um brilho triste.
Sentiu seu corpo acordar-se, calado, aos poucos, animal, instintivamente.
A calma das manhãs sempre foram uma zombaria aos seus olhos inquietos e seu ser atormentado.
Preferia o silêncio, talvez por saber ao certo como agir, como sentir, ficava calado.
Talvez a vida já havia retirado o melhor de suas palavras matutinas, e a falta de esperança refletia na ausência de sons, alguns resmungos.
Das lembranças encheu sua caneca, sentou em alguma sombra fria de inverno, e com semblante ressentido amargurava o paladar e a vida, gole por gole, numa bela tristeza que corta o peito de quem via.
Ela, distante habita nas manhãs frias, meio disforme, meio intocável, meio pecado, meio desejo.
É poesia na palavra fria, 
Ela lhe fita os olhos, distantes esquecidos, como um livro, a muito empoeirado, que guarda cores e dores, uma vida, no mofo de seus encartes.Fluta, nas lembranças que rasgam e sangram, e alegram, tão ressentida solidão.
Ele olha o mundo, de longe, resguardado dos seus olhos, dos seus aromas.
Ela.