Ele traz uma ânsia estranha no peito, amarga, distante.
Como quem carrega uma carga triste, refaz a vida aos atropelos.
Traz a liberdade cravada na pele, e a saudade guardada nos olhos.
Traz palavras torpes, esfumaçadas.
Traz gritos calados, abafados pelo silêncio de uma boca emudecida.
Assim observa a vida disforme, de beleza sofrida.
Ele traz a raiva amargurando a boca, com um escárnio cravado no semblante.
Traz a contragosto uma tristeza mascarada de loucura.
E a morte disfarçada de poesia.
Traz histórias, e lembranças, traz teu gosto.
Traz a certeza de distantes estrelas, que me observam em noites vãs.
Traz adeus, juras de amor embriagadas nos porões do esquecimento.
Traz um catarro amarelo, nas frias manhãs.
Uma estranha ausência, qual tinta fresca, recobrindo velhas juras.